sexta-feira, 8 de novembro de 2013

8/11 2:32h

O problema é que as horas vão passando. Será tarde, será cedo? Quando será que vou voltar a ter sossego? E mesmo que o sossego volte, e depois? Que farei eu? Que definição terei novamente? Nenhuma talvez. O mais provável, é voltar a encontrar algo mais agonizante ainda, que me tire o sono, como hoje.

Porque o relógio não pára, não descansa, o tempo avança e o que outrora foi uma abundância de esperança, rapidamente se tornou numa vazio solitário, num passeio frio, numa calçada de granito em que tenho de andar descalço, sentir os pedaços de vidro partidos das garrafas de cerveja, a pastilha fresca abandonada pela criança que passou ali há umas horas atrás. Tenho de sentir as feridas a abrir, os pés a calejar, a pele a engrossar e a dor a, finalmente, passar.

Tudo isto, para depois acordar. Encontrar algo novo e voltar ao mesmo, ao mesmo ciclo, à mesma espiral escrita antes, à mesma calçada fria, húmida, dolorosa. Tudo isto para voltar. Voltar a ter esperança de ser outra vez criança ou, ainda que não possa vir a ser, sonhar! Sonhar que tudo irá melhorar, que a dor vai cessar, que o chão não será frio, ou que terei algo para calçar. Sonhar que a presença esteja presente. Que esteja presente e que fique, de uma vez. Que não se devaneie ou se esqueça das promessas, que a presença se mantenha presente, pois, se um dia a deixei pisar a minha calçada, foi porque precisei dela.


Que a presença veja que, tal como estas letras, sou confuso. Caminho estradas estranhas e que sou difícil de quebrar como um parafuso. Mas que, a presença também entenda, que se teve a oportunidade de conhecer a minha calçada, ainda que por mais húmida, fria e dolorosa que ela seja, então, também poderá ter tudo o que tenho, tudo o que ela me ensinou, tudo o que já fui. Poderá ter-me a mim, seja pela primeira vez, ou novamente. A minha calçada não é bonita, pois, ainda ninguém se decidiu a pintá-la.

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