quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

27/02 - 23:57h

Não estou inspirado mas apetece-me escrever. E nem sei bem porquê. Talvez seja pela necessidade que tenho de compreender o que se passa comigo. Sim, os tempos não são fáceis... Tenho vivido atormentado por medo, confusão, indecisão, ansiedade... Tudo e nada me perturba... Num lugar estou bem e noutro tudo corre mal! "É tudo na tua cabeça Rui", tento dizer eu a mim próprio mas, parece não funcionar.

É tudo muito estranho para mim, nunca estive assim, nunca fui assim. Sempre fui confiante, resistente, resiliente e persistente. A pessoa de outrora de atitude dominante, inteligente e ágil, foi substituída por alguém que não conheço. O que mais me irrita é não saber o que causa este estado de "depressão" que me encontro. Só queria perceber isto tudo! Sinto-me distante e desligado da verdadeira pessoa que sou. Se calhar até sei porque é que estou assim. Se calhar foi por ter entregue de mais de mim e agora esteja em recuperação , se calhar esgotei as forças, esgotei a determinação e a vontade de querer mais.

Sempre quis mais! Sempre quis melhor, sempre fui inteligente o suficiente para não me conformar com as coisas banais e querer sempre perceber o porquê das coisas. Agora conformo-me com o que me é dito e sem grande discussão aceito o que me é pedido e dado. Não discuto, não discordo, não me conheço. Há coisas que permanecem. Coisas como não conviver com pessoas que demonstram nas primeiras 5 palavras que exprimem que não merecem atenção, tamanha é a estupidez e a banalidade que dali sai. O facto de não me deixar levar pelas "mentiras do mundo" como o resto das pessoas deixa-me triste. Toda a gente parece tão feliz com as "Casas dos Segredos" e o "Factor X" e com o rapaz que escreve músicas da avó, do pai, da mãe... Não compreendo. Acho que isto de planear a minha vida 4 ou 5 movimentos à frente sempre foi um problema. Por um lado! Por outro nem por isso. Que posso dizer? O xadrez ensinou-me a pensar por mim e pelos outros, a prever 4 ou 5 movimentos a frente os meus passos e dos outros. Engraçado, ainda assim sou sempre deitado abaixo pelos outros. Mas isso não acontecia em frente ao tabuleiro. É isso! Se desse para colocar 32 peças e 64 casas numa mesa e jogasse a minha vida assim? Bem, ao menos em frente a um tabuleiro eu não era tão ingénuo... Acho que sou estúpido por querer não me conformar. Faço-me entender? Se calhar não, novamente...

Penso que seria mais inteligente se não pensasse nisso, se quisesse esquecer. Mas se quiser esquecer de uma coisa não me estou a lembrar automaticamente dela? É um bocado contraditório! Só sei que ando sem vontade de nada. Quer dizer, tenho vontade de me entregar ao vento e deixar que me leve... Só acho que o vento não me leva para lugares "bons". Digo "bons" porque é o que a sociedade precisa, de pessoas que vão a "bons" lugares, que nasçam "bons" engenheiros, "bons" médicos, "bons" padeiros, pasteleiros, carpinteiros, trolhas, calceteiros... Por isso, vento, a nossa viagem fica dividida em vários estágios, de curtas durações. Levas-me hoje aqui e depois ali, em passos pequenos, deixas-me voar e imaginar algo diferente, mas nos entretantos, vou tentar seguir o que sempre quis... Apesar de tudo está cá gravado, estão marcadas todas as pessoas, estão traçados todos os objectivos.

Acho que todos passamos por certas fases em que julgamos nada saber. No fundo a resposta está sempre connosco. Resta-nos esperar ou pegar na tralha e cavar a resposta da imensa cave que a nossa mente tem. De qualquer das formas, seja tarde ou cedo, rápido ou devagar, a resposta está sempre connosco, assim como as verdadeiras pessoas...